Percurso

Em 2012, a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) abria as portas para a primeira turma do Curso de Psicologia, o primeiro em uma Universidade Pública no território feirense, começando uma história de muitas lutas pela efetivação de uma formação acadêmica de qualidade, capaz de associar ensino, pesquisa e extensão em uma perspectiva transformadora.

Ainda em 2012, foi fundado o Grupo de Estudos em Teoria Crítica, sob coordenação de Carlos Barros, com o desenvolvimento do projeto de pesquisa “Psicologia e Reconhecimento dos Direitos Humanos”. O grupo buscou investigar as categorias psicológicas da teoria do reconhecimento de Axel Honneth, produzindo pesquisas de iniciação científica a partir da interface teoria crítica-psicologia.

A partir de 2016, os trabalhos do grupo voltaram-se para um novo projeto de pesquisa chamado “Educação para os Direitos Humanos”, no qual, em consonância com a etnometodologia, a teoria crítica foi mobilizada para compreender a constituição da eticidade e da ação criativa em diferentes contextos do brincar infantil, como a educação quilombola e a indígena.

Paralelamente às pesquisas de iniciação científica, foram realizados trabalhos de conclusão de curso e dissertações de mestrado vinculadas ao grupo de estudos. Dessa maneira, as possibilidades de discussão e referenciais no grupo foram se ampliando, contando com membros também da educação e da assistência social. Dentre os temas investigados estiveram a população em situação de rua, a inclusão escolar no ensino superior, comunidades de aprendizagem, entre outros. Com estes trabalhos, foram realizados debates que possibilitaram uma conexão ainda maior do grupo com as populações que compõem a realidade feirense.

Em 2019, o grupo assumiu uma nova forma e se tornou o “Feirafurt” que aqui se apresenta.

Esta renovação se deu a partir da aproximação de dois membros para somar com as reflexões que vinham sendo desenvolvidas por Carlos Barros no Grupo de Estudos em Teoria Crítica. Ocorreu a chegada de José Fernando Costa, que trabalha com Psicologia Social Comunitária e Teoria Crítica, para compor o quadro de docentes efetivos da UEFS. Também houve a reaproximação de Stefanie Macêdo, egressa do curso, que havia participado do grupo por cinco anos e retornara para uma especialização em Filosofia.

Com esta nova constituição, o “Grupo de Pesquisa Psicologia e Teoria Crítica” se propôs a repensar a contemporaneidade da teoria crítica e sua relação com a ciência psicológica tendo como eixos fundamentais a interseccionalidade e a decolonialidade. A partir destes eixos, algumas questões surgiram para se pensar a relação entre a psicologia e a filosofia social frankfurtiana, tais quais: o quanto a teoria crítica carrega a contradição do eurocentrismo? As novas gerações da teoria crítica superam o colonialismo? Quais as ferramentas para uma teoria crítica construída a partir do Sul? Estas são algumas das questões latentes em nossa perspectiva e orientam o projeto que construímos aqui, mesmo porque, a Teoria Crítica não pode ser pensada de forma abstrata, sem o localizador geográfico, histórico e social do solo onde pisamos – para nós, a Feira, em desigual solo brasileiro.