Projetos

Psicologia e Teoria Crítica: Diálogos entre a psicologia da libertação e as propostas de decolonização da Teoria Crítica (2021-)


Educação Para os Direitos Humanos: eticidade e ação criativa em diferentes contextos do brincar (2016-2020)

O objetivo deste projeto é descrever, analisar e interpretar os elementos de eticidade encontrados em contextos de brincadeiras de crianças da Educação Infantil em diferentes contextos educacionais: regular, indígena e quilombola, no sentido de uma educação para os direitos humanos. Eticidade é um conceito derivado da tradição hegeliana e reconstruído pela teoria crítica contemporânea como uma possibilidade de compreendermos o estabelecimento dos direitos e das lutas por reconhecimento a partir do cotidiano dos grupos sociais não dominantes ou hegemônicos. Outra característica importante do conceito é a de abordar o assunto da ética e dos direitos humanos não de forma monológica, mas na dialética entre os indivíduos e suas culturas, suas comunidades. Busca-se, com isso, compreender também como as interações lúdicas na educação infantil expressam a eticidade e como as crianças transformam-se e transformam seus contextos éticos a partir das brincadeiras e dos jogos. O método proposto é o da etnometodologia, em diálogo com a sociologia da infância, passando por observações participantes e processos interpretativos que envolvam as crianças. O referencial teórico é a teoria crítica da sociedade, mais especificamente a partir da teoria do reconhecimento de Axel Honneth e da ação criativa de Hans Joas. Esses autores conseguiram reunir coerentemente psicólogos que articulam a moralidade à afetividade e às interações sociais, como George Herbert Mead e Donald Woods Winnicott. Ainda se faz relevante a produção de Walter Benjamin, como precursora de uma antropologia da infância. Conhecer as formas como os elementos culturais vinculados aos direitos humanos, já presentes nas culturas e famílias das crianças, se fazem presentes no cotidiano escolar e o que acontece com eles nas brincadeiras infantis pode ser um bom caminhos para o desenvolvimento da Educação para os Direitos Humanos. Esta tem sido um objetivo das Nações Unidas e da educação brasileira e os estudos mais recentes vêm apontando para o fato de que, para que uma educação para os direitos humanos se efetive, é preciso ir além dos conteúdos, é necessário trabalhar com a afetividade, as atitudes e as ações dos educandos. Nosso foco é corresponder a esta demanda, a partir das possibilidades mais criativas e formativas nas ações lúdicas das crianças, em contextos diversos, para a promoção de uma educação voltada para o respeito pelas diferenças.

Psicologia e Reconhecimento dos Direitos Humanos: categorias psicológicas na teoria do reconhecimento de Axel Honneth (2012-2016)

As contradições entre a chamada era dos direitos e o freqüente desrespeito aos direitos humanos na contemporaneidade, somados à crise dos valores modernos, apontam para a necessidade de uma Psicologia que leve em conta o mal-estar atual, baseada nos sujeitos concretos. As teorias do reconhecimento, que contextualizam os conflitos fundantes das sociedades e buscam compreender os movimentos sociais característicos das últimas décadas, têm se mostrado relevantes como um direcionamento teórico que oriente essa nova inflexão psicológica. Baseados numa tradição hegeliana, que compreende a constituição do sujeito em uma relação dialética com o mundo em que vive, desde a esfera familiar até o Estado, os teóricos do reconhecimento buscam compreender as relações entre ética, política, direito, identidade e mundo interior. Dentre esses autores, destaca-se, tanto na teoria do reconhecimento como no diálogo com a Psicologia, o atual diretor do Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt, Axel Honneth. O objetivo desta pesquisa é identificar, descrever e analisar criticamente as categorias psicológicas trabalhadas por Axel Honneth em suas obras principais. Para tanto, será realizada uma pesquisa bibliográfica que trabalhe em profundidade cada obra, estendendo-se ao estudo daquelas obras e autores indispensáveis para o entendimento da ?psicologia do reconhecimento? de Honneth. A teoria do reconhecimento em questão destaca desde o início uma preocupação com a natureza humana, ainda que em uma abordagem da antropologia filosófica, acertando contas com a tradição crítica de Hegel, Feuerbach, Marx e os revisionismos marxistas de Frankfurt, Budapeste e França. O autor também se propõe a complementar a sociologia marxista, ou seu ?déficit sociológico?, com a escola sociológica da ação social, dando maior atenção ao papel social do indivíduo. Propõe como avanço a esse campo de conhecimento uma abordagem da luta por reconhecimento que retorna a Hegel, mas agora em uma era pós-metafísica, que busca dar materialidade às suas análises com a colaboração da psicologia social e da psicanálise das relações-objetais. Sua alternativa para um possível relativismo pós-moderno está em buscar uma opção multiculturalista que leve em conta os conflitos sociais na construção de uma normatividade ética. Para tanto, Honneth critica a noção de autonomia do Iluminismo com base nas teorias da linguagem e na psicanálise. Destacamos, no campo psicológico, as influências de autores centrais como George Herbert Mead, Sigmund Freud, Erich Fromm, Donald Winnicott e Cornelius Castoriadis. Esta pesquisa, portanto, deve aprofundar as construções teóricas de Honneth centradas nesses autores, sistematizando as possíveis relações entre eles e o reconhecimento dos direitos das pessoas. No ambiente acadêmico, este projeto objetiva iniciar discentes e docentes na pesquisa interdisciplinar em torno do reconhecimento de direitos, por meio dos programas de iniciação científica, de um grupo de estudos, de um seminário interno e de um encontro científico de maior porte, que terão como frutos diferentes tipos de publicações. Além disso, dado o ineditismo do trabalho, a Universidade Estadual de Feira de Santana pode se tornar um centro de referência na pesquisa sobre o tema.