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Ganhando difusão no circuito literário e acadêmico brasileiro desde a publicação da tradução de “Irmã outsider” em 2019, Audre Lorde se apresenta como uma das vozes necessárias para compreendermos nuances importantes do feminismo negro e de pioneirismo no debate sobre a não hierarquização das opressões sociais. Nascida no Harlem, Nova York, em 1934, a escritora realizou sua formação acadêmica na área da biblioteconomia e dedicou-se ao trabalho com mulheres negras na construção de uma nova sociabilidade, tanto por meio de sua produção acadêmica ensaística quanto pela sua criação poética. “Sou sua irmã” chega ao público brasileiro 35 anos depois de sua publicação original, em 1985, em meio a um esforço conjunto de quatro editoras para veiculação mais ampla do pensamento de Audre Lorde em nosso país a partir das traduções de ensaios, conferências, autobiografia e poesias. Embora essa difusão só venha a ocorrer cerca de 30 anos após sua produção original, é flagrante o fato de o pensamento de Lorde já estar presente há mais tempo no interior de comunidades feministas negras.


O livro que discute as possibilidades de leituras de Ignacio Martín-Baró conta com contribuições de membros do feirafurt. Temos o capítulo intitulado "Ignacio Martín-Baró e América Latina: trajetória de um grupo de estudos sobre o pensamento e as lutas latino-americanas" com contribuição do Professor José Fernando Andrade, e o artigo escrito em conjunto por membros do feirafurt "A atualidade da obra de Ignacio Martín-Baró para a construção de uma agenda de pesquisa e extensão interseccional e descolonial". 


Esta obra é resultado do II Colóquio Psicologia e Teoria Crítica: Crise e crítica do Capitalismo – Descolonização e Interseccionalidade, que aconteceu em outubro de 2020. A organização foi realizada pelo Grupo de Pesquisa Psicologia e Teoria Crítica (Feirafurt), da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Para além dos debates sobre a evidente crise do capitalismo, processos de descolonização e interseccionalidade, o volume traz diálogos importantes sobre Identidade e Território, bem como sobre a relação entre Subjetividade e Libertação.




Ganhando difusão no circuito literário e acadêmico brasileiro desde a publicação da tradução de “Irmã outsider” em 2019, Audre Lorde se apresenta como uma das vozes necessárias para compreendermos nuances importantes do feminismo negro e de pioneirismo no debate sobre a não hierarquização das opressões sociais. Nascida no Harlem, Nova York, em 1934, a escritora realizou sua formação acadêmica na área da biblioteconomia e dedicou-se ao trabalho com mulheres negras na construção de uma nova sociabilidade, tanto por meio de sua produção acadêmica ensaística quanto pela sua criação poética. “Sou sua irmã” chega ao público brasileiro 35 anos depois de sua publicação original, em 1985, em meio a um esforço conjunto de quatro editoras para veiculação mais ampla do pensamento de Audre Lorde em nosso país a partir das traduções de ensaios, conferências, autobiografia e poesias. Embora essa difusão só venha a ocorrer cerca de 30 anos após sua produção original, é flagrante o fato de o pensamento de Lorde já estar presente há mais tempo no interior de comunidades feministas negras.


A figura do  chamado “cidadão  de bem” constitui um  tipo  de estratégia discursiva ideológica e expressa uma patologia social da cidadania brasileira. O objetivo deste ensaio é submeter essa figura a uma análise crítica de seus pressupostos discursivos, históricos, morais e políticos. Para tanto, recorremos ao modelo de crítica imanente da ideologia proposto por Rahel  Jaeggi. Identificamos contradições e problemas decorrentes do uso retórico da figura do  “cidadão de bem”  relacionadas: ao apelo punitivista e por armas de fogo para civis; às representações ideológicas de gênero, raça e classe; à função social da mídia; e ao neoconservadorismo político. A contradição fundamental do “cidadão de bem” não é em relação à figura do  “bandido” ou  “vagabundo”, mas ao próprio ideal de universalização da cidadania. Enquanto expressão da ideologia, o  “cidadão de bem”  se revela um verdadeiro anticidadão e, portanto, um risco para a democracia.


O artigo trata do movimento de pensamento social crítico desenvolvido na América Latina na segunda metade do século XX, tomando como foco a chamada Psicologia da Libertação. São apresentadas as condições históricas e o contexto intelectual em que emerge a possibilidade de uma ciência psicológica contra-hegemônica e comprometida com os povos latino-americanos. Destaca-se o pensamento de Ignácio Martín-Baró, buscando estabelecer as bases para um diálogo interdisciplinar em torno da categoria “libertação”. Por fim, são apresentados exemplos da psicologia crítica brasileira como práxis de libertação em diferentes contextos.


Capítulo publicado no livro "Pesquisas em psicologia e políticas públicas: diálogos na pós-graduação". Trata de uma proposta de articulação entre a teoria do reconhecimento de Axel Honneth e o campo de estudos da Ação Pública. São discutidos alguns resultados de pesquisa empírica realizada no âmbito da Proteção Social Básica da Política Pública de Assistência Social.


Resenha crítica do livro A elite do atraso: da escravidão à Bolsonaro.


Capítulo publicado no livro "Psicologia na assistência social: um campo de saberes e práticas". Trata de uma análise da noção cidadania na política pública de assistência social brasileira. São apontadas três dimensões da cidadania: legal, política e identitária. Discute-se o componente normativo da ideia de cidadania e suas implicações para o trabalho no campo da política assistencial.

Este artigo se propõe ao estudo do diálogo estabelecido pela teoria do reconhecimento de Axel Honneth com o pensamento de Theodor Adorno. Mais precisamente, dirige seu foco para a proposição de que já haveria em Adorno elementos teóricos que ajudam a compreender o fenômeno da reificação numa perspectiva do reconhecimento. Num primeiro momento, apresenta uma síntese das diferentes leituras que Honneth fez de Adorno num intervalo de aproximadamente trinta anos. Depois, analisa alguns dos principais temas expressos em aforismos adornianos, aos quais Honneth se refere no desenvolvimento de seus argumentos. Duas teses emergem como uma aproximação possível entre os dois autores. A primeira afirma um referencial normativo na infância e na família, baseado na mimese e na intersubjetividade enquanto processos vinculados às noções de experiência, gramática gestual, espontaneidade, ludicidade e utopia. A segunda, derivada do referencial normativo, afirma a patologia social como deperecimento da experiência, danificação da vida, deformação da racionalidade mimética, reificação e sofrimento, sem, no entanto, deixar de encontrar nessas categorias um potencial de resistência. Por fim, o texto menciona algumas críticas à tentativa honnethiana de aproximação com Adorno e destaca a tendência de reconstrução da teoria crítica com base na filosofia da linguagem. 

Nos anos 70, a teoria crítica passou por uma crise que trouxe em seu bojo uma necessidade de renovação do papel das análises sociais vinculadas ao marxismo, principalmente por meio de uma maior atenção ao cotidiano. Foi neste cenário que Axel Honneth iniciou suas análises sobre a moralidade em grupos oprimidos através da noção de sentimentos de injustiça e se destacou como novo expoente dessa tradição. Honneth renovou a perspectiva dos movimentos sociais na teoria crítica ao refletir sobre as formas de resistência cotidiana que se estabelecem mesmo em um contexto fragmentado de dominação econômica e simbólica. Apesar das condições injustas de educação e trabalho, é possível que os grupos oprimidos manifestem sua insatisfação com a conjuntura social por meio de protestos coletivos ou, de forma mais discreta, em lutas altamente individualizadas por reconhecimento social e conflitos cotidianos. Embora a expressão dos sentimentos de injustiça dependa do grau de efetividade do controle social, nela se encontra a possibilidade de identificar a resistência de campos de conflitos morais escondidos sob a fachada de integração do capitalismo. É nessa expressão que reside a possibilidade de ameaça ao consenso de dominância social. A gênese da virada para o reconhecimento se encontra, portanto, nos sentimentos de injustiça. Através desse conceito, sobre o qual construímos uma genealogia, a relação com a psicologia na teoria crítica é atualizada e a fundamentação histórica e empírica sobre a constituição moral dos grupos socialmente oprimidos, retomada.

O objetivo deste trabalho é apresentar as possibilidades de uma formação crítica em psicologia a partir das contribuições da Teoria Crítica da Sociedade e da Psicologia da Libertação. Para tal, debruçamo-nos sobre as proposições de Marcuse, Horkheimer e Adorno na avaliação do compromisso social da ciência e da educação, utilizando suas reflexões como guia para uma análise crítica da relação entre psicologia e barbárie. Também consideramos Martin-Baró como figura essencial para contextualização da conjuntura latino-americana neste debate, sobretudo no que se refere às suas reflexões sobre a universidade e o papel social do psicólogo. Nossa tese é a de que uma formação crítica é imprescindível para o combate à barbárie das práticas psicológicas. 

Este ensaio apresenta relações entre a escrita filosófica por fragmentos, a musicalidade e a crítica literária de Adorno para dar base à análise de alguns aforismos sobre temas psicológicos do Admirável Mundo Novo de Huxley.

Esta comunicação desenvolve uma intuição que se apresentou no preparo de um projeto de pesquisa. A busca por textos que orbitassem em torno de uma temática central confrontou dois títulos consideravelmente semelhantes de autores, a princípio, de universos bastante diversos. Em 1913, o jovem estudante Walter Benjamin (1892-1940), que veio a ser um dos mais destacados filósofos alemães do século XX, escreveu O Ensino de Moral. Donald Winnicott (1896-1971), influente psicanalista inglês, publicou o texto Moral e Educação cinquenta anos depois, já um profissional maduro, em 1963. O que aproxima e o que distancia esses dois textos escritos em épocas diferentes, tanto na história quanto na etapa de vida de cada autor, em culturas diferentes e por autores poucas vezes citados juntos? Descobrimos que entre os dois autores, mesmo com raízes culturais tão diferentes, pode-se encontrar nas distâncias mais complementaridade que lonjura. Veremos como eles apresentam a antinomia ou o paradoxo da educação moral, sua proximidade perigosa com a religiosidade, sua incompatibilidade com a sistematização da racionalidade técnica e didática e, por fim, como oportunizar experiências práticas e estéticas desbrava um possível caminho para o ensino de moral. Em um contexto educacional que se propõe a desenvolver atitudes favoráveis ao respeito pelas diferenças, aos direitos humanos e à promoção de uma cultura da paz, parece-nos mais que justo e justificável revisitar autores que viram na infância e no brincar o potencial de construir uma realidade outra.